quinta-feira, 4 de março de 2010

Tô grávida, e agora ?

Se você fez o teste e descobriu que está esperando um bebê ou se anda desconfiada de que o seu método de prevenção falhou, vale ler esta matéria até o final. Aqui tem dicas de como se cuidar - e cuidar do pequeno que está vindo aí - antes e depois do parto



Entre 1996 e 2007, a gravidez entre garotas de 15 a 19 anos diminuiu muito pouco, de 12,6% para 10,7%. Os números ainda revelam uma triste realidade: a cada dez adolescentes, pelo menos uma terá seu primeiro filho nessa fase da vida.


Toda garota conhece os riscos e prejuízos que vai acabar sofrendo se precisar assumir o papel de mãe antes da hora. E não são poucos! Mas de uma coisa você pode estar certa: com o apoio de quem ama e os cuidados essenciais, poderá garantir uma gestação tranquila e um recomeço mais fácil depois que o bebê chegar. Para ajudá-la nessa situação pra lá de delicada, a Atrê conversou com duas especialistas, que estão acostumadas a atender jovens grávidas. Uma delas é a ginecologista Albertina Duarte, coordenadora do Programa de Adolescentes da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A outra é a psicóloga Camila Macedo, educadora do Instituto Kaplan - que é voltado à educação sexual e à assistência social. Elas nos deram dicas superimportantes e que vão fazer você se sentir mais forte e segura, pronta para enfrentar as grandes mudanças que virão daqui pra frente.


Não sofra sozinha

As duas especialistas são unânimes em afirmar: vai ficar muito mais difícil lidar com todas as dificuldades do período se você estiver sozinha. Então, ainda que num primeiro momento você não se sinta à vontade para se abrir com seus pais, procure um adulto de confiança e conte a ele tudo o que está acontecendo. "Pode ser a mãe de uma amiga, uma tia ou mesmo uma professora com quem você tem afinidade", diz Camila. Nesse momento, um simples abraço, de alguém capaz de acolhê-la, vai fazer toda a diferença.


Deixe a culpa de lado

É natural rolar um baita arrependimento por não ter agido de um jeito diferente e por ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. Mas pensa bem: a responsabilidade não é só sua. Ela também é do seu ficante ou namorado. Agora, se isso não muda muito as coisas, considere que o fato de ficar se torturando com essa sensação de culpa também não vai ajudar em nada a resolver os problemas que estão aí, bem diante do seu nariz. Então, aceite que não tem mais como voltar atrás e concentre toda a sua atenção nas atitudes que precisará tomar a partir de agora, para que os impactos negativos na sua vida, na vida da sua família e, principalmente, na vida do seu filho, sejam os menores possíveis.



Segundo o Ipea, os projetos do governo para o atendimento às adolescentes grávidas deixam muito a desejar. Um deles é o Saúde e Prevenção nas Escolas, incapaz de atingir a maioria das meninas que, nessa condição, deixa de estudar.


Conte o quanto antes aos seus pais

Por mais que a família seja liberal e tranquila, dar uma notícia dessas não é a coisa mais fácil do mundo. Porém, quanto antes você decidir falar, melhor. Assim, seus pais vão poder se preparar, com mais tempo, para a chegada do neto. Pode ser até que não aceitem no início, mas, acredite: quando a barriguinha começar a crescer, há grandes chances de que a postura deles seja outra e que passem a apoiá-la de um modo como você nunca imaginou. No entanto, é bom entrar nessa conversa preparada pra tudo, afinal, para a sua família a situação também é dolorida. E tem mais: de que adianta ter tanto medo da reação deles? Ela será a mesma se você estiver de dois, cinco ou sete meses. Então, o melhor é enfrentar logo a dificuldade, de uma vez por todas. A psicóloga dá alguns toques para a hora h:

- Se você e o namorado continuam se vendo, o ideal é que procurem juntos os seus pais e os pais dele. Assim, um vai poder segurar a barra do outro.

- Não escolha eventos nem datas comemorativas para dar a notícia à sua família, achando que assim estará mais protegida. Esse é o tipo de coisa que é legal falar com calma, na privacidade do lar.

- Quanto mais você puder mostrar que está ciente das suas responsabilidades, já nessa primeira conversa, mais seus pais ficarão tranquilos - na medida em que isso é possível. Vale dizer algo como: "Eu sei que fiz uma besteira, mas vou me preparar para criar o meu filho da melhor forma possível."


Comece logo o pré-natal

Quando a menstruação para, é porque a gestação, em geral, já completou quatro semanas. Isso porque os médicos começam a contar do dia em que rolou a fecundação. Então, mesmo que você for a um consultório logo depois de descobrir a gravidez, já estará atrasada para os primeiros cuidados. E, quanto antes você começar a contar com um acompanhamento médico, melhor. Afinal, as grávidas precisam, desde os primeiros dias, tomar vitaminas, minerais e outros compostos que garantem a saúde dela e a do bebê. "o ácido fólico, por exemplo, é importante para evitar que o bebê tenha deformações. E a substância tem função no organismo só até a 14ª semana de gestação, quando a gestante estiver mais ou menos no terceiro mês", alerta Albertina. A consulta médica também serve para detectar o risco de possíveis complicações logo no início, o que facilita a adoção de tratamentos preventivos. E não é só isso: a consulta é uma ótima oportunidade de tirar dúvidas com quem realmente sabe tudo sobre gestação e parto. Aproveite a oportunidade e saia de lá se sentindo muito mais segura.





Troca de experiências no Orkut

visitou a comunidade Mães Adolescentes - Gravidez e conta que o papo com outras meninas que estavam na mesma situação a ajudou muito. "Eu me sentia mais confortada quando percebia que não era a única a ter aquele tipo de sentimento", diz. Os mais de 5 mil membros da comu trocam ideias, conselhos e, principalmente, se apoiam uns aos outros. Vale a visita!

Os dados citados nesta matéria são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados no livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil, de 19 de janeiro de 2010.


"Sempre tive a ideia fixa de abortar"

"Eu costumava usar camisinha com meu namorado, mas, às vezes, esquecia. E foi assim que aconteceu. Desconfiei da gravidez por causa do atraso na menstruação, fui a uma ginecologista e fiz o ultrassom. Daí, decidi que tiraria. Meu namorado nem queria, mas contamos para a mãe dele e ela apoiou a minha decisão. Ela mesma me levou à casa de uma mulher que mexia com isso, tomei uma injeção e alguns chás. Algumas semanas depois, comecei a fazer xixi com sangue. Na época, senti cólicas, mas a dor física nem se compara à emocional. Foi tudo muito mais difícil do que eu pensava. No começo, fingia que tinha um ódio de crianças. Mas, no fundo, eu sempre chorava muito sozinha e imaginava como seria o meu filho se eu o tivesse deixado nascer. Um ano depois, engravidei de novo e decidi que teria o bebê. Só que tive um aborto espontâneo, parecia até um castigo. Nas duas vezes, meus pais nem chegaram a desconfiar de nada. Se fosse hoje, eu teria feito diferente: usaria camisinha em todas as minhas relações. Para as meninas que estão grávidas, tenho só um recado: conte para os seus pais o quanto antes e jamais pensem em abortar, as consequências são muito piores do que você pode imaginar. Encare as suas responsabilidades, pois a criança não tem culpa de nada." T.A., 19 anos


"Decidi ter o bebê"

"Descobri que estava grávida aos 15 anos. No começo, fiquei desesperada e tinha muito medo da reação dos meus pais. Cheguei a comprar remédios abortivos pela internet, mas não tive coragem de tomar. Ao mesmo tempo, continuava escondendo a gravidez de todos. Até que minha mãe desconfiou. Ela quis me levar ao médico e, então, resolvi dizer que achava que estivesse. Minha mãe começou a chorar, me abraçou e disse que estaria comigo sempre! Quando fui fazer o ultrassom, o bebê já estava com quase cinco meses. Meu namorado, na época, não me apoiou em nada. Meus amigos também me deram a maior força, diferentemente do que eu imaginava. os três primeiros meses com o bebê em casa foram muito difíceis. Com o tempo, meu namorado foi percebendo que filho era coisa séria e hoje é um ótimo pai. Logo depois que meu filho nasceu, dei um jeito de voltar a estudar. Fiz um esforço grande, muitas vezes só conseguia pegar nos livros de madrugada, porque de dia não dava tempo. Mas eu lutei e terminei o ensino médio. Este ano, começo a faculdade de enfermagem. Continuo com meu namorado, mas cada um na sua casa, afinal, quero terminar meus estudos antes de assumir mais responsabilidades." D.P.P., 17 anos


Cuide mais de vocês

Gravidez não é doença, como já dizia a sua avó. Mas também é a mais pura verdade que você vai ter de mudar um pouquinho a sua rotina enquanto a barriga estiver crescendo. Manter uma boa alimentação, no dia a dia, é um cuidado fundamental. Então, mesmo que não curta muito, tente aumentar o consumo de verduras, frutas, legumes e outros alimentos que fazem bem à saúde. "Além disso, uma orientação importante é cortar as tranqueiras do cardápio: bolachas, salgadinhos, refrigerantes, chocolates e outras coisas do tipo", indica Albertina. Nas aulas de educação física ou nos momentos de folga, evite ficar abaixando e levantando demais, não carregue peso nem faça esforço e passe longe dos esportes de impacto, como vôlei e handebol, que fazem você pular. Antes de qualquer coisa que for fazer, desde já, perguntese antes: "Será que isso vai me fazer bem?" Ou: "Vai fazer bem ao meu filho?".


Faça o possível para continuar os estudos

Para muitas meninas, ter um filho significa abandonar a escola e comprometer, assim, seu futuro profissional. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), das meninas com idade entre 10 e 17 anos sem filhos, somente 6,1% não estudam. Já entre as que têm filhos, a proporção chega a 75,7%. Destas últimas, 57,8% não estudam nem trabalham. Ficar de fora dessas estatísticas vai exigir muito de você. Durante a gravidez, podem pintar indisposição, cansaço, além da vergonha de ter de encarar a galera de barrigão. Depois que o bebê nascer, as noites maldormidas e o pouco tempo disponível para pegar nos cadernos é que vão fazê-la pensar mil vezes antes de topar o desafio. Mas o esforço certamente vai valer a pena. "A escola será o seu porto seguro, o lugar onde vai encontrar as pessoas da sua idade. Ali, você poderá se sentir, novamente, integrada ao grupo. Além disso, o estudo é o caminho para uma carreira bemsucedida", alerta Albertina. Em outras palavras, não é porque você engravidou que precisará abrir mão de todos os planos que fez, até mesmo os profissionais. Basta saber que, para conquistar os seus sonhos, tendo um bebê em casa, precisará se dedicar muito mais. De qualquer forma, suas chances de se dar bem em todos os campos continuam existindo. Tudo depende de como vai organizar a sua vida deste momento em diante.


Desencane daqueles que não entendem a sua situação

Pode apostar: muitos amigos e familiares vão receber você e o seu bebê de braços abertos. A acolhida poderá vir até de gente que você nem esperava. Mas o contrário também é verdadeiro. Pode acontecer de grandes "amigas" virarem as costas. Ou de uma tia que você adorava começar a lhe tratar de um jeito bem diferente, achando que a sua influência sobre as filhas dela pode ser negativa. Parece piada, mas essas coisas acontecem, sim, na vida real. Então, é bom estar preparada. No mais, desencane completamente daquelas pessoas que apontam você na rua, que riem com indiferença, que criticam sem a menor cerimônia. Pense que você só deve mesmo satisfações à sua família. E tem outra: agradar a todos é impossível. Com ou sem um bebê.





Seja forte para enfrentar o que vem por aí

A sua vida vai mudar. E muito. Você vai ter menos tempo para a turma e para os amigos. Por outro lado, terá de dar conta de um montão de responsabilidades. Talvez se case. Talvez não. Seja como for, só não vale acreditar que haverá apenas sofrimentos nesse novo caminho. Pense que as lições que está aprendendo agora vão valer por toda a sua vida, se souber aproveitá-las. Tente olhar para o futuro com otimismo, continue correndo atrás dos seus objetivos e deixe pra lá esses pensamentos sobre como "poderia ter sido se...". Aceite as coisas como elas são hoje, conte com o apoio das pessoas que estão ao seu lado e abra o seu coração para aceitar essa criança. Lembre-se de que ela já vai nascer amando você.

4 comentários:

  1. adorei...minha gravidez foi bem confusa!! mais tudo deu erto no final hoje minha filha fes 2 meses...qndo vi meu anjinho pela primeira vez foi apenas amor o ke senti..o medo e insegurança ainda persistem mais sei que qndo ela estiver moça verei que tudo valew a pena!!

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  2. estou gravida e to morrendo de medo da reação dos meus pais .. ja pensei em tirar mais da medo meu namorado esta me apoiando .isso me deicha mais segura .eu não sei oque faço gostaria de conversar com alquem que esteja ou que ja passou pela mesma situação que a minha preciso ouvir algo positivo . estou farta de coisas negativar na minha cabeça tenho 17 anos e estou com 1 mês .

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  3. Simplesmente amei o blog.
    Eu estou com 15 anos e engravidei recentemente, nem falei para meus pais ainda.
    Ah! Eu conheço a comunidade - Mães Adolescentes - Gravidez é realmente muito boa :D
    ~
    Bom, eu sempre quis um bebê então estou encarando isso com otimismo e tranqüilidade. Já comecei a tomar Ácido Fólico faz 4 dias. (Chama-se AFOPIC)foi sem prescrição médica, pois ainda não estou fazendo pré-natal. Mas com ajuda de uma colega que teve bebê eu comprei.
    BOM GALERA, PARA QUEM ESTA GRÁVIDA E ESTA COM MEDO, ABRA A CABEÇA, PENSE COMO SERÁ UM BEBÊ *-* Trará muita felicidade. Pelo menos é assim que eu penso. E eu garanto pensando assim fica super fácil lidar com isso ^^
    Boa sorte a todas mamãe que engravidaram na adolescencia.

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  4. Estou gravida e tenho 14 anos.. sou mega responsavel pra minha idade ate mais que minha mae.. mas esse foi um descuido meu acabei de descobrir sobre a gravidez gostaria de conversar com pessoaa na mesma situaçao.. So tenho numerp de celular se pfor possivel passo para podermos trocar opinioes

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